Plantei essa juçara quando vim morar em Tapuio em 2008. Plantei de semente. Nesse lugar de chuva e terra molhada, cresceu rápido.
Quanto orgulho senti a primeira vez que deu flor e frutas. Já plantei sementes dela que já são juçaras adolescentes também.
Ela morreu no último inverno, morreu pela seca intensa que devastou Tapuio. E não foi a única fatalidade. Outras juçaras morreram, outras árvores, samambaias….
Os outros proprietários não parecem se importar muito. Continuam cortando, extraindo, sugando toda a água para irrigar café, bananeiras, capim para os pobres bois magros e cheios de berne (e para manter piscinas cheias).
São agricultores! Tem o apoio dos seus familiares, seus amigos, até da prefeitura! Constroem casarões, enchem a terra com boi e banana e café e cachorros que latem e atacam e matam.
Para eles, a vida assim é boa.
Ficaram importantes! Fazem festas com música e churrasco e muita bebida, postando as fotos no instagram para mostrar quão importantes são.
Ficaram cegos pela arrogância deles.
A juçara morta é um aviso. A água vai acabar, e assim, tudo que construíram vai cair. Seus filhos vão ver o fim de fartura nessa área. Seus netos sequer vão lembrar de Tapuio.
E toda aquela arrogância ridícula será lembrada como patética.
Salve Tapuio